
Minha origem
BIOGRAFIA
Meu nome é Augusto Hauber Gameiro. Nasci em 31 de outubro de 1972. Sou natural do município de Canguçu, localizado na região centro-sul do Estado do Rio Grande do Sul. Resido em Pirassununga SP.
Sou neto de imigrantes alemães (lado materno), portugueses e espanhóis (lado paterno), que chegaram ainda crianças ou jovens ao extremo-sul do nosso país no início do Século XX, em busca de oportunidades e melhores condições de vida.
Sendo de origem bastante humilde, os meus avós e bisavós trabalharam arduamente para conseguirem se estabelecer e criarem suas famílias no novo continente. Como fruto desse trabalho, meus pais tiveram condições de vida significativamente melhores que seus genitores, mas ainda assim, de bastante esforço e trabalho.
Foi nesse ambiente de dedicação, esperança e perseverança que nasci e me criei. Meus pais sempre me ensinaram o caminho do estudo e do trabalho. O resultado foi uma formação sólida, com desempenho escolar sempre bastante satisfatório.
Com 13 anos e 11 meses comecei a trabalhar como Menor Estagiário de Serviços Gerais no Banco do Brasil, em Pelotas RS, Agência Metropolitana Três Vendas.
PROJETO DE VIDA

O amor pela natureza
AGRONOMIA
Tive oportunidade de cursar uma das mais tradicionais faculdades de Agronomia do país, a “Eliseu Maciel”. Atualmente pertencente à Universidade Federal de Pelotas, a Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (FAEM) foi fundada em 1883 e é a segunda escola de Agronomia mais antiga do Brasil.
O que me levou à escolha do curso de Agronomia foi o meu amor pelas coisas da natureza, que sempre definiu o rumo da minha vida.
Desde muito pequeno eu observava as plantas, os insetos, os animais e a natureza de uma forma geral. Durante a faculdade, estive envolvido em diversos trabalhos extracurriculares, especialmente nas áreas de botânica e entomologia, nas quais tive a oportunidade de ser bolsista de iniciação científica pelo CNPq.
Mas foi no último ano da graduação que percebi, que mais do que o estudo da natureza de uma forma geral, minha vocação estava direcionada também à natureza do ser humano. Foi então que, ao ter contato com as disciplinas das ciências sociais, descobri meu interesse por essa área do conhecimento.
No quinto e último ano da faculdade, eu praticamente não saía das dependências do Departamento de Ciências Sociais Agrárias da FAEM. Lá tive a oportunidade de trabalhar e aprender muitas coisas com meus professores. Um estágio naquele departamento foi passo decisivo para minha trajetória. A decisão por continuar os estudos em um curso de pós-graduação em Economia Rural ou Sociologia Rural, já estava tomada.

O início da vida paulista
ESALQ
Em 1996, aos 23 anos de idade, tive a satisfação de ingressar no Programa de Pós-graduação em Economia Aplicada na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da Universidade de São Paulo. Considero esta, uma das mais importantes conquistas de minha vida. Ingressar como aluno da USP sempre fora um sonho para mim.
O estudo do homem enquanto agente trabalhador e explorador da natureza, especialmente da agricultura, estava definitivamente cunhado na minha vida dali para frente.
Antes mesmo de terminar o mestrado, no ano de 1997, iniciei – paralelamente à minha formação acadêmica – minha vida profissional, tendo sido selecionado para atuar como Assessor Econômico da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (FAESP), na capital paulista.
Uma série de portas começou a se abrir para mim e cada vez mais o Estado de São Paulo e o Brasil me deram possibilidades que não poderiam ser desperdiçadas. Algumas pessoas e instituições concederam-me oportunidades que moldaram minha atuação acadêmica e profissional, e uma série de experiências de êxito começaria a acontecer.
Após dois anos na FAESP, em 1999 fui convidado para atuar como pesquisador na Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, a “FIPE” (mais especificamente na "FIPE Agrícola"), então fundação de apoio à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, também na capital paulista.
No final do mesmo ano de 1999, recebi um convite para atuar como pesquisador no Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, o CEPEA, da ESALQ/USP, em Piracicaba. Fui então contratado como Pesquisador Científico da Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (FEALQ).
Nesse meio tempo, concluí meu mestrado e de forma praticamente contínua ingressei no doutorado, na mesma escola e programa (Economia Aplicada da ESALQ/USP), em 1999.

A cidade que amamos tanto
PIRASSUNUNGA
Em meados de 2003, poucos dias após receber o diploma de Doutor, fui convidado a lecionar nos Cursos de Administração e Comércio Exterior, da tradicional Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Iniciava-se, portanto, a minha carreira como professor universitário. Lá fiquei até o final de 2005.
Foi na UNAERP, ao assumir a primeira responsabilidade sobre uma disciplina de curso superior, que percebi que minha vocação pela ciência também se estendia ao trabalho docente. Durante cinco semestres tive a oportunidade de praticar e aprimorar minha didática. A carga horária em sala de aula era bastante pesada e o número de alunos idem. Mas a satisfação e o aprendizado que me foram proporcionados mais do que compensaram o esforço.
No final do ano de 2004 surgiria outra oportunidade que me proporcionaria mais um importante salto em minha vida profissional. Prestei concurso para professor em regime de dedicação parcial (20 horas semanais) de duas disciplinas - “Economia Rural” e “Sociologia e Extensão Rural” - no Departamento de Nutrição e Produção Animal, na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Universidade de São Paulo, localizado em Pirassununga SP.
Quase que concomitantemente, devido ao afastamento temporário de um professor na vizinha Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA), também da USP, fiz concurso para professor substituto (12 horas semanais) no Departamento de Zootecnia da Escola. De 2004 a 2006 tive a oportunidade também de atuar na FZEA, como professor nos cursos de Zootecnia e Engenharia de Alimentos. E, devido à boa relação que sempre mantive naquela Faculdade, até hoje colaboro com a mesma, em diversas frentes de trabalho. Por exemplo, sou credenciado no Programa de Pós-graduação em Gestão e Inovação na Indústria Animal daquela escola.
Mas foi realmente na FMVZ que tive e que estou tendo a oportunidade de desenvolver minha carreira acadêmica e científica de forma plena. Conforme já mencionei, fui contratado pela FMVZ em janeiro de 2005, em Regime de Turno Completo (RTC, 20 horas semanais).
Todavia, foi apenas no ano de 2008 que o meu regime de trabalho foi alterado para RDIDP (dedicação integral à docência e à pesquisa).
Sete anos após ter completado minha dedicação integral à Universidade de São Paulo, prestei concurso de livre-docência na mesma escola, tendo sido aprovado em abril de 2015.
Estou tendo a oportunidade e a satisfação de pesquisar e lecionar disciplinas da área de ciências humanas aplicadas para alunos de graduação e pós-graduação que se dedicam à Ciência Animal e à Gestão da Indústria Animal. É essa multidisciplinaridade que sempre busquei desde o início da carreira, e que me motiva tornando fascinante a minha vida profissional.




Experiência empresarial por 10 anos
NATURAL CONSULTORIA E COMUNICAÇÃO
Apesar de considerar que atingi plenamente meus objetivos profissionais, o meu histórico não foi “linear”. Para que eu pudesse “me encontrar”, minha trajetória exigiu-me muito trabalho, muita dedicação, reflexão e algumas idas e vindas. Por diversas ocasiões, atividades foram conduzidas paralelamente.
No ano 2000 eu constituí uma empresa – a Natural Consultoria S/C Ltda (posteriormente denominada Natural Consultoria e Comunicação) – para formalizar um trabalho de extensão que desenvolvia relacionado ao setor de heveicultura (cultivo da árvore seringueira, que produz a borracha natural). Ocorre que, desde 1997, ainda enquanto assessor econômico da FAESP, eu comecei a me envolver fortemente no estudo da produção de borracha natural no Brasil. Aquele estudo era uma demanda da FAESP na época, que tive de atender. Quando deixei a Federação, em 1999, para não gerar descontinuidade nos meus trabalhos no setor, criei o que chamei de “Projeto Borracha Natural Brasileira”, que consistia – e que ainda consiste – em um sistema de informações eletrônicas (informativo enviado por e-mail e um website) dedicado ao setor.
Hoje, mesmo afastado da heveicultura e da empresa, o “Projeto Borracha Natural Brasileira” ainda é a principal referência do setor.

O privilégio de trabalhar com o Prof. Caixeta
LOGÍSTICA AGROINDUSTRIAL
Em minha passagem pelo CEPEA/FEALQ, envolvi-me em diversos projetos de pesquisa e extensão relacionados a alguns setores agroindustriais, como o do algodão, o da mandioca e o do arroz. Aquele período permitiu-me dedicar-se com mais afinco ao estudo dos mercados dos produtos agrícolas e agroindustriais; bem como ao estudo das cadeias ou sistemas agroindustriais.
Outra frente de trabalho de grande relevância em minha vida profissional disse respeito à Logística Agroindustrial. Em meados de 1996, portanto nos primeiros meses de meu mestrado, conheci o Professor José Vicente Caixeta Filho, que acabou por se tornar meu orientador de mestrado e também de doutorado.
Desde aquele momento eu colaborei de uma forma ou de outra com os trabalhos de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidos pelo Professor Caixeta Filho na ESALQ/USP. Tal envolvimento intensificou-se significativamente em 2003.
No ano de 2003 foi formalizada a criação do “Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial” (ESALQ-LOG), coordenado pelo Professor Caixeta. Desde sua criação até os dias de hoje, atuo como pesquisador convidado do Grupo. No início de 2006 fui nomeado vice-coordenador do ESALQ-LOG, posição esta que ocupei até o final do ano de 2007.
O ano de 2008 foi um divisor de águas em minha vida profissional. Prestei e fui aprovado em concurso de efetivação para a vaga de RTC que ocupava. Meses depois, como já mencionei, meu regime na FMVZ/USP mudou para RDIDP. Afastei-me, então, das atividades da Natural Consultoria e Comunicação, por força de exigência legal do novo regime de trabalho. No ano de 2010 vendi minha participação societária na empresa, desvinculando-me por completo da mesma.
A partir de minha efetivação e da alteração de meu regime de trabalho para RDIDP, passei a me dedicar e focar em minhas atividades junto à USP, primordialmente na FMVZ, mas também com colaboração à FZEA e à ESALQ (Grupo ESALQ-LOG), como já mencionado.






O desafio da multidisciplinaridade
SOCIOECONOMIA E CIÊNCIA ANIMAL
Procuro desenvolver atividades de ensino, pesquisa e extensão em uma área que venho denominando de “Socioeconomia e Ciência Animal”. Em síntese, esta procura aplicar conhecimentos das ciências humanas ao desenvolvimento e prática da ciência, da criação e da produção animal: uma interface entre humanidades e biológicas.
Assim como minha Escola entendeu ser essa uma área relevante – ao criar uma vaga para docente que eu acabei conquistando –, eu acredito fielmente nessa importância. Sinto, em sala de aula e no dia-a-dia de trabalho, que os conhecimentos das ciências humanas são fundamentais para completar a formação de profissionais como Médicos Veterinários, Zootecnistas, Engenheiros Agrônomos, Engenheiros de Alimentos, Engenheiros de Biossistemas etc.
Tive a oportunidade de ser credenciado ao Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Produção Animal, do Departamento de Nutrição e Produção Animal da FMVZ/USP, já no ano de 2006. Naquele mesmo ano, criei a disciplina de “Sistemas de Produção Agroindustrial”, cujo objetivo era tratar o estudo das chamadas cadeias ou sistemas agroindustriais (SAGs).
Em 2010, criei minha segunda disciplina na pós-graduação: “Economia da Produção Animal”, cujo nome reflete o seu objetivo. No ano de 2016, criei duas novas disciplinas: “Gestão de Custos Agropecuários e Agroindustriais” e “Livestock, society and environment”, sendo que essa última será oferecida totalmente em Inglês.
A partir de 2017 passei a ser o responsável também pela disciplina de “Preparação Pedagógica” neste programa.
No ano de 2013 credenciei-me em um segundo Programa de Pós-Graduação, o de Gestão e Inovação na Indústria Animal, da FZEA/USP, o qual, inclusive, eu colaborei na criação. Nesse programa, fui responsável pela disciplina de “Gestão da Logística na Indústria Animal”. Atualmente, eu divido a responsabilidade da disciplina de “Gestão da Propriedade Intelectual no Agronegócio”.
Ainda em 2013 fui credenciado como professor colaborador junto ao Programa de Pós-Graduação em Agronegócios (Mestrado Profissionalizante), promovido por uma iniciativa conjunta entre a Fundação Getúlio Vargas, a ESALQ/USP e a Embrapa. Atualmente, eu colaboro apenas de forma esporádica a este programa da FGV.
Eu submeto à avaliação dos alunos todas as edições das minhas disciplinas, bem como o meu trabalho como docente nas mesmas. Esses retornos são fundamentais para guiar meu aprimoramento didático. Procuro sempre alinhar-me com os preceitos pedagógicos da Universidade e com as demandas dos alunos.

Nosso laboratório, nossa casa
LAE
Esforço-me para desenvolver, dentro e fora da sala de aula, uma pedagogia libertadora e crítica, baseada nos fundamentos do diálogo, da horizontalidade e da construção conjunta do conhecimento, valorizando a experiência minha e dos alunos; algo que genericamente chamamos de “educação humanista”. Como professor de Extensão (na graduação) e de Preparação Pedagógica (na pós-graduação) que sou, não poderia ser diferente, uma vez que referências como Carl Rogers, Piaget e Paulo Freire estão no centro das minhas inspirações.
Confesso que tive, e vez enquanto ainda tenho, dificuldade para desenvolver pesquisa de ponta nessa área multidisciplinar a que me refiro. Estimular um Médico Veterinário a trabalhar com Economia ou Sociologia; ou um Economista ou Administrador a trabalhar com Zootecnia, não é trivial. Mas, aos poucos, percebo que estamos conseguindo construir algo efetivamente sólido.
Por vezes submetemos manuscritos científicos para uma revista de Zootecnia e o comitê editorial sugere que o façamos para uma de Economia, e vice-versa. Pregar a multidisciplinaridade é tarefa fácil; desenvolvê-la, nem tanto. Mas jamais desistirei.
Considero ter dado três importantes passos desde que ingressei na FMVZ/USP. O principal talvez tenha sido a criação do “Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal”, o LAE, que procura institucionalizar todo esse esforço multidisciplinar. Não tenho conhecimento de outro grupo, em nosso país, com o mesmo propósito.
Com o objetivo de criar um canal de comunicação e extensão eficiente e de baixo custo, criei o Boletim “Socioeconomia & Ciência Animal”, editado pelo LAE. Até dezembro de 2017, havia sido publicadas 117 (cento e dezessete) edições desse boletim. O boletim é de periodicidade mensal, enviado por correio eletrônico para mais de dois mil e quinhentos endereços. A publicação traz um apanhado geral dos avanços, notícias, eventos, publicações, e informações em geral, relacionadas às áreas do conhecimento que caracterizam o seu nome. Atualmente é um dos principais canais de comunicação do nosso Departamento e mesmo da FMVZ.
Em 2010 criamos o “Simpósio de Sustentabilidade e Ciência Animal” (SISCA) que em apenas quatro edições já se tornou referência no assunto. Sua próxima edição está prevista para 2020.
No ano de 2010 desenvolvi programa de pós-doutoramento no Departamento de Economia, Administração e Sociologia da ESALQ/USP, sob a supervisão do Professor Caixeta. Naquela oportunidade dediquei-me à modelagem matemática e à otimização de sistemas integrados de produção animal e vegetal. Aquela experiência permitiu a geração, inclusive, de conhecimento e conteúdo para a elaboração da tese que apresentei no concurso de livre-docência.

Formação continuada
CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO
Praticamente desde o início da minha vida profissional eu trabalhei com temas relacionados à Administração, ou seja, não fiquei restrito à Economia, área na qual fiz meu mestrado e doutorado. Dentro da Administração, envolvi-me com Custos e Finanças.
Entre 2012 e 2014, fui Diretor Financeiro da Fundação de Medicina Veterinária (FUMVET). Um dos principais desafios da minha gestão era entender os conflitos entre as orientações da Assessoria Jurídica e da Assessoria Contábil da Fundação. Cada uma falava uma coisa. Particularmente, a parte contábil me desafiava, pois era necessária toda uma comunicação com os contadores e, muitas vezes, sentia-me incapacitado de manter um diálogo minimamente à altura com eles. Sentia-me "vendido" nos debates, como se fala popularmente.
Além dessa necessidade percebida de conhecer melhor a Contabilidade, outros dois fatores se faziam presentes: i) o fato de eu já trabalhar com custos há um bom tempo; e ii) uma razão pessoal que era o fato de o meu avô Germano Hauber ter sido contador, o que me despertava certa curiosidade pela profissão.
Eis então que procurei um curso superior. Entre 2013 e 2017 eu fiz o Curso de Bacharelado em Ciências Contábeis, pela Universidade Metropolitana de Santos, na modalidade EAD. Foi uma importante fase e um relevante investimento que fiz em minha vida. O conhecimento em Contabilidade permitiu aprimorar minha atuação não apenas na Fundação à época, mas também, minha dedicação a projetos e pesquisas relacionados ao cálculo e desenvolvimento de ferramentas sobre custos da produção agropecuária.
Uma vez que o curso de Contábeis possuiu uma série de disciplinas em comum com o de Administração, eu aproveitei o "embalo" e logo iniciei o Bacharelado em Administração, na mesma Universidade. No final de 2020 eu concluí o curso.

Consolidação da carreira científica
PÓS-DOUTORADO NA FRANÇA
Entre julho de 2015 e junho de 2016 eu tive uma das oportunidades mais incríveis da minha vida, e que foi fundamental para consolidar minha carreira profissional de dedicação à ciência. Fiz pós-doutorado na Unité mixte de recherche SAD-APT (Science Action Développment – Activités Produits Territoires): unidade mista de pesquisa formada pela Universidade de Paris-Saclay e o Instituto AgroParisTech. Tive o privilégio de ter como supervisora a Muriel Tichit, uma das principais pesquisadoras europeias que trabalha estudando a relação entre a produção animal e o ambiente.
Foi um ano excepcional em todos os sentidos: pessoais e profissionais. Tive condições de focar em uma pesquisa realmente original e que continha muitas vertentes que eu sempre quisera estudar, mas que ainda não tinha tido oportunidade. Como principal resultado da minha pesquisa, publiquei o artigo intitulado Nitrogen, phosphorus and potassium accounts in the Brazilian livestock agro-industrial system (acesso pelo link abaixo).
Nesta pesquisa, estimamos a massa de três dos principais elementos químicos necessários para a produção vegetal e animal, considerando as principais produções do país (carne bovina, leite, carne suína, carne de aves e ovos). Esta experiência abriu muitas portas em minha carreira, e consolidou meu interesse no estudo da produção animal e seu efeito sobre o ambiente.
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A experiência em educação executiva
FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS
O ano era 2003, eu tinha recentemente concluído o doutorado. Eis que o Prof. Caixeta, meu então orientador, convidou-me para substituí-lo como professor convidado no módulo de Logística Agroindustrial, em um curso de MBA in company, oferecido pela Fundação Getúlio Vargas à Cooperativa Aurora, em Chapecó SC. Na sequência, comecei a receber convites para atuar como professor convidado em outros MBAs da FGV, especialmente no de Agronegócios.
Portanto, eu iniciei minha colaboração à FGV, como professor convidado, mesmo antes de ingressar como professor contratado na Universidade de São Paulo. Entre 2003 e 2016, eu ministrei a disciplina de Logística Agroindustrial. A partir de então, comecei a lecionar a disciplina de Gestão de Custos no Agronegócio, com a qual contribuo até os dias de hoje.
Essa experiência junto à FGV tem sido muito importante para minha carreira, porque me coloca em contato frequente com executivos de diversos segmentos do agronegócio, em todas as regiões do país. É um desafio que me mantem atualizado.
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Meu local fonte de inspiração
SÍTIO SINGAPURA
Em 1984, portanto, logo em seguida do retorno da nossa família de Singapura, onde meu pai atuou por um ano junto à agência do Banco do Brasil daquela cidade-país, ele adquiriu uma pequena propriedade rural no município de Canguçu RS.
Meu amor pelos animais e pela natureza receberiam aquele que foi um marco na formação da minha vocação. Foi um período maravilhoso para nossa família. Com o passar dos anos, fomos adquirindo pequenas glebas de terra no entorno do Sítio Cingapura.
Meus pais cuidaram desse sítio com muito esmero. Aproveitaram muito, especialmente após a aposentadoria do meu pai e antes de ser acometido por uma doença muito severa.
Eu frequentava o sítio sempre que podia, especialmente durante a minha graduação em Agronomia. O sítio era minha principal inspiração, meu local de experimentação, estudo e lazer.
Ainda durante a graduação, eu e meus pais iniciamos o plantio de árvores no sítio, que passou a ser a principal atividade econômica da propriedade. No ano de 2019 meu pai faleceu e deixou o Sítio de herança para mim. Atualmente, apesar da distância, sou eu o seu responsável. Aos poucos, estamos iniciando a criação de bovinos, que sempre foi um sonho meu de infância.
O Sítio é um lugar lindo; mágico, eu diria. Mas, para mim, o seu valor principal é sentimental e histórico, por tudo que ele representou para mim, para minha família e pelas memórias que ele sempre me trará.
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Estudar sempre
GRUPOS DE ESTUDO
Na correria da vida universitária, de repente percebi que estava faltando tempo para a atividade mais importante de um acadêmico: estudar. Começamos então a criar grupos de estudo específicos de alguns temas que são importantes para nosso grupo. Essa iniciativa mudou a forma de trabalho e tem sido de grande satisfação para os participantes, que são basicamente estudantes e orientados.
O primeiro grupo criado foi o GEHAE, o Grupo de Estudo da História da Agricultura e da Ecologia. O nome representa bem o seu tema de interesse. O segundo grupo criado foi o EMgrupo, o Grupo de Estudo da Síntese em Emergia. Emergia é a memória energética necessária para a produção de um bem, serviço ou dádiva da natureza. Trata-se de uma concepção teórica que, hoje, recebe grande atenção por parte do nosso Laboratório de Análises Socioeconômicas e Ciência Animal (LAE/FMVZ/USP).
Após a consolidação e o sucesso desses dois grupos, criamos o Con$tare, o Grupo de Estudo de Custos, tema esse para o qual eu me dedico desde praticamente o início de minha carreira profissional. O último grupo a ser criado, no âmbito da USP, foi o phiLAE, o Grupo de Estudo da Filosofia. Aliás, a Filosofia é a área do conhecimento que mais tem despertado interesse meu particular e de alguns companheiros (as) de estudo. Resolvemos iniciar pelo estudo do pensamento dos povos originários. Tem sido uma experiência sensacional, ao nos colocar em contato com outras cosmovisões, que nos abrem muito para novas formas de ver o mundo.

Meu principal “produto”; minha maior riqueza
ESTUDANTES E ORIENTADOS
O que um professor faz? Mais do que “dar aula”, o professor constrói vidas, produz pessoas. Essa sempre será minha principal obstinação: a crença de que podemos todos sermos pessoas melhores, mais felizes, mais humanas, na concepção exata que pretendemos.
Eu poderia aqui colocar uma estimativa de quantas pessoas já passaram pelas minhas aulas de graduação, pós-graduação, cursos diversos, palestras, orientações nos mais diferentes níveis (estágio, iniciação científica, especialização, mestrado, doutorado, pós-doutorado, tutoria etc.), mas não é meu propósito, porque não há número que represente uma pessoa na sua integralidade. Vou apenas dizer da minha satisfação de poder fazer esse trabalho.
Não é um trabalho fácil. É preciso ser vocacionado. É duro em muitos casos, exige paciência, idas, vindas e, principalmente, revisão constante dos nossos próprios valores, posturas e ações. Certamente o professor aprende mais do que ensina.
A vocação para a escuta, o diálogo, a orientação e o compartilhamento de universos pessoais incríveis que me ajudaram a decidir pela busca pela Psicologia enquanto possível atividade educacional e profissional.

A Psicoterapia como o próximo projeto de vida
UM PROJETO CLÍNICO
Uma crise de ansiedade no início de 2021 me obrigou a buscar ajuda médica e psicológica. Ao iniciar a terapia, passei a conhecer a fascinante profissão do Psicólogo. Juntando com a suposta vocação para a orientação (ver item anterior), pensei em iniciar uma nova graduação, agora em Psicologia. E assim eu fiz. Em agosto do mesmo ano eu estava lá sentado no primeiro semestre do curso, na Universidade Anhanguera, de Leme, cidade vizinha à Pirassununga.
Eis que um mundo novo e maravilhoso se abriu. Um local onde pessoas pensam parecido comigo em termos de valores. Um ambiente no qual a preocupação é a pessoa em si e o seu bem-estar psíquico. Por que não descobri isso antes? Porque não era a hora. Não teria olhos para ver, ouvidos para ouvir. É algo que precisa de vivência, maturidade, experiência e muita vocação.
De forma praticamente concomitante, também iniciei a graduação em Filosofia, esta, na modalidade EAD, na Universidade Estácio de Sá. Outro mundo fascinante e complementar à Psicologia.
Se meu interesse se mantiver, pretendo especializar-me na abordagem Humanista da Psicologia, mais precisamente para a Psicologia Fenomenológico-Existencial. Aqui, Filosofia e Psicologia se encontram plenamente.
Meu projeto clínico e oferecer o serviço de Psicoterapia assim que concluir o curso e, especialmente, após a minha aposentadoria da Universidade de São Paulo
Espero, com mais esse projeto, poder concluir meu propósito de vida, qual seja, o de ajudar a construir vidas plenas, por meio da educação, da ciência, da filosofia e da psicoterapia.